terça-feira, 16 de junho de 2015

Inglês - parte 1

Minha relação com Letras é confusa. 

No colégio eu não era mais que mediano em português. Mas também não existia um interesse muito profundo pelo meu idioma nativo. Na mesma época eu fugia mais do Inglês que um francês desarmado na Guerra dos 100 anos. Meus colegas frequentavam cursinhos e era muito mais avançados do que eu. Por vergonha e preguiça eu optei por Espanhol, que parecia ser mais fácil. Também não era grande coisa na língua que Colombo trouxe pra cá. 

Resumindo: na adolescência eu odiava Letras. 

Vamos combinar que não é nada difícil odiar alguma coisa na adolescência. Inclusive acho que me odiava também. 

Sorte que crescemos, perdemos as espinhas e passamos a gostar das coisas. Hoje minha relação com Letras é mais do que amistosa. É um caso amoroso intenso. 

Gosto de ler, gosto de ver as características de cada idioma. 

O Português, por exemplo. Acho um dos idiomas mais bonitos na ESCRITA. Ele é complexo, completo e possibilita muitas variações. Fico feliz quando vejo uma pessoa que sabe onde colocar uma vírgula e quase abraço quem sabe o que fazer com a crase. 

O Espanhol tem aquele lance da entonação. Qualquer mané que fale espanhol parece que está falando algo muito importante ou filosófico. Fora que xingar em Espanhol é muito emocionante. Ser xingado é terrível, só não é pior do que ser xingado em Alemão. Mas é bem difícil saber quando alguém não está te xingando em Alemão. O idioma todo parece um xingamento.

Gosto de todos esses, até do Alemão que parece me xingar sempre. Mas nenhum me impressiona mais do que o Inglês.

Até pouco tempo eu considerava o Inglês um idioma pobre. Hoje considero um idioma perfeito. Perfeito porque é simples, direto e extremamente expressivo. As frases são mais curtas, permitem uma entonação mais trabalhada. Olha como é legal falar "WHAT?" repentinamente. Uma palavrinha que pode ser dita com  tanta expressão.

Sempre fui crítico dessa dominação global do Inglês. Era desses que não falava "emitivi". Falava "emetevê". Sou defensor de expressões traduzidas, odeio quando alguém vem me dar um feedback ou quando alguém quer que eu trabalhe de freelancer. Ao mesmo tempo defendo a ideia do inglês ser o segundo idioma de todos países. Não como ensinam na escola no Brasil. Talvez como ensinam na escola na Holanda. Na Holanda todo mundo tem dois idiomas, porque desde pequeno todo mundo aprende a falar dois idiomas. 

De forma não oficial, o Inglês é o idioma do mundo, e ganhou essa posição não por ser o idioma dos Estados Unidos, que tem uma forte dominação cultural nesses tempos midiáticos. Quer dizer, isso ajudou muito. Mas se a China fosse esse dominante dificilmente as pessoas falariam Mandarim com tanta facilidade (anos atrás era moda ir pra aula de Mandarim, pergunta quantas pessoas concluíram o curso). Mas hoje em dia o mundo corre, e há muitas coisas para se conhecer. Nada mais justo que adotar o idioma teoricamente mais fácil de aprender. 

Continua...



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